Pelo terceiro ano consecutivo, participo de um debate sobre câncer de mama metastático promovido pela indústria farmacêutica Pfizer. Nos últimos dois anos, contei as histórias das lindas e queridas Elfriede Galera, que convive com a doença desde 2010, e da Renata Lujan, diagnosticada com câncer há cinco anos, tendo já passado por 56 sessões de quimioterapia.
– Mesmo assim, sigo confiante e feliz. Recentemente, recebi a notícia de três novas lesões no cérebro. Há uns três anos eu estaria me esgoelando de tanto chorar, mas hoje não.
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Neste ano, tive o grande prazer de conhecer o marido da Elfriede, Jadyr Galera (foto acima). Casados há 35 anos, Jadyr se aposentou para se dedicar à esposa e não mede esforços para estar ao lado dela na saúde e na doença.
– Minha função é tornar a vida dela mais fácil, assim tem menos tempo para pensar na doença. Eu a ajudo nas tarefas domésticas, dou remédio, vou ao médico e estou sempre ao seu lado.
Para ele, um dos maiores desafios do câncer é o tratamento.
– Lembro que ela ficava no hospital das 7h às 21h fazendo quimioterapia. Ela chegava andando no hospital e voltava no meu colo.
Há 20 anos, o casal se dedica à construção de um veleiro para dar a volta ao mundo. Entretanto, por conta da doença, Jadyr acelerou o processo e, em 2014, o barco ficou pronto e os dois percorreram uma pequena parte do litoral de São Paulo. O sonho de dar a volta ao mundo também foi ajustado por causa dos ciclos de quimioterapia que o tratamento do câncer exige. Agora, o novo sonho do casal é percorrer a costa brasileira até o Caribe.
Na ocasião, a Pfizer também apresentou os resultados de uma pesquisa que avaliou exatamente o impacto do câncer de mama metastático na vida afetiva, doméstica e financeira dos pacientes e familiares. Apesar de ter sido uma amostra bem pequena, 170 pacientes e 240 familiares de nove capitais, o oncologista Sérgio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC), disse que os dados condizem com a realidade do consultório médico.
– O câncer é uma doença da família inteira. Inclusive, de acordo com a pesquisa, os familiares sofrem mais com o diagnóstico (88%) do que os próprios pacientes (72%). E é isso que vivemos no dia a dia das consultas.
O levantamento também revelou que medo e tristeza foram os sentimentos mais citados pelos pacientes e seus familiares após a descoberta do câncer. Os parceiros (29%), seguido dos filhos (28%) e das mães (19%) representam a principal fonte de apoio emocional para os pacientes.
Quase nove em cada 10 pacientes declararam que a doença trouxe impactos importantes na rotina da casa, sendo que essas mudanças, em sua percepção, foram negativas. Abandonar o trabalho (35%) foi a principal queixa, seguida do lazer (29%) e da atividade física (26%). Apenas 18% conseguiram identificar mudanças positivas neste processo.
Já para 77% dos familiares, a rotina também mudou após o diagnóstico, sendo que viajar e sair para passear foram as principais atividades que deixaram de fazer parte da vida dos parentes. Além disso, 51% afirmaram que foi preciso realizar uma adaptação nos horários para que pudessem ajudar no tratamento.
A autoestima e a vida sexual foram outros temas que entraram na pesquisa. Mais da metade (58%) das pacientes sentem vergonha do próprio corpo e 51% dos companheiros relataram que a mulher já não gosta de ser tocada nas mamas.
A grande novidade do encontro foi o lançamento do medicamento Ibrance (palbociclibe), uma terapia oral de primeira linha (há mais de 10 anos sem novidades na área) para o tratamento do câncer de mama metastático do tipo HR+ e HER2- em mulheres na pós-menopausa. O remédio já é comercializado nos Estados Unidos e União Europeia e, recentemente, foi aprovado no Brasil.