“A tatuagem foi um empoderamento”, diz mulher que redesenhou o mamilo após mastectomia

Neste mês, por conta do Outubro Rosa, tive o prazer de entrevistar mulheres guerreiras que nos inspiram e nos fazem repensar nossas atitudes perante a vida. Hoje, vou compartilhar a história da professora Elaine Lopes, de 44 anos, que diagnosticou o câncer de mama exatamente no mês de outubro de 2015. Ela havia passado em um concurso público e precisava fazer uma série de exames para assumir o cargo. Ao ver o resultado da mamografia, o médico, de uma forma muito direta e fria, como ela mesma descreveu, deu a notícia do câncer.

– Passou um turbilhão de pensamentos na minha cabeça. Será que vou morrer? Vou perder a mama? E o cabelo? O que vai acontecer comigo daqui para frente? E, claro, desabei a chorar. Cheguei até a perguntar para o meu marido se ele queria se separar. Ele respondeu que não casou com o meu seio e que, se eu ficasse careca, ele também ficaria.

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Em dois meses após o diagnóstico, Elaine passou por uma mastectomia da mama direita e precisou reduzir o seio esquerdo, não por conta do câncer, mas para colocar implante de silicone e igualar o tamanho das duas mamas. No caso dela, a quimioterapia e a radioterapia não foram necessárias, mas perder o mamilo e a aréola mexeu muito com sua autoestima.

– Fiquei três meses sem me olhar no espelho e pesquisei muito sobre tatuagem para desenhar o mamilo. Foi assim que eu descobri o Miro [Dantas].

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Elaine foi uma das mulheres contempladas no projeto Uma tatuagem por uma vida melhor, criado pelo tatuador Miro Dantas em 2014. Desde então, ele já atendeu, de forma gratuita, 167 guerreiras que passaram por mastectomia e reconstrução mamária.

– Eu sempre sonhei em criar um projeto que envolvesse a tatuagem e, dessa forma, consegui resgatar a autoestima de muitas mulheres e virar um apoio à oncologia.

O projeto deu tão certo que Miro tem uma fila enorme de mulheres que não têm condições financeiras para fazer a tatuagem, que custa entre R$ 1.500 e R$ 2.000. Pensando nessa batalha, a indústria farmacêutica Bayer, por meio das marcas Bepantol Derma e Coppertone, resolveu abraçar a causa e patrocinar o projeto pelos próximos oito meses.

– Isso vai me ajudar a desovar a fila que já existe e permitir que eu abra novas inscrições o mais rápido possível. Espero poder inspirar outros artistas.

Elaine está muito satisfeita com o resultado, que você pode conferir no vídeo abaixo.

– Fiquei emocionada a hora que olhei o resultado. A tatuagem foi um empoderamento porque consegui me olhar no espelho e voltar a ser mulher. O Miro virou o meu amigo do peito.

Se você tem interesse em conhecer o trabalho do tatuador Miro Dantas, acesse o site.