Sentir qualquer tipo de dor durante um dia, uma semana ou um mês é algo que irrita profundamente, certo? E se você acha isso normal, eu afirmo que não é. Atualmente, a dor crônica é a principal causa de incapacitação para o trabalho, podendo gerar sérias consequências psicossociais e econômicas. Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), muitos dias de expediente podem ser perdidos por cerca de 40% dos trabalhadores. A entidade aponta, ainda, que a parcela da população mais atingida é aquela que realiza tarefas exaustivas e, principalmente, as mulheres, por acumularem duplas ou até triplas jornadas.
Os especialistas afirmam que as queixas mais comuns relacionadas ao trabalho são as dores de cabeça, nas costas, na região lombar, tendinites e bursite de ombro. Esses incômodos são causados geralmente por maus hábitos diários, como passar longas jornadas em pé ou sentado em posição viciosa, ficar muito tempo em frente ao computador com tela pequena e mal posicionada, usar mousepad sem apoio para o punho, levantar ou carregar objetos pesados, utilizar cadeira sem braços, má postura ao dirigir e até colocar a carteira no bolso de trás da calça.
Mas não é por isso que a dor precisa ser aceita e fazer parte do seu cotidiano. De acordo com Irimar de Paula Posso, presidente da SBED, a dor não deve ser negligenciada.
– Toda dor merece atenção. O paciente, independentemente da idade, função ou hábitos, deve ser crítico quanto aos sintomas percebidos.
O neurocirurgião Claudio Corrêa selecionou 10 atitudes que vão te ajudar a aliviar ou acabar de uma vez por todas com a dor.
1 – A dor, por si só, é um sinal vital que nos avisa de que algo no organismo não está bem. Esta condição é importante para o rápido atendimento de um infarto do coração, derrame, cólica renal, apendicite, pancreatite, entre outros. Preste muita atenção nos sinais!
2- Aprenda a diferenciar dor crônica e aguda. A dor aguda pode ter duração de até 3 meses, sendo sintoma de alguma doença que pode ser tratada. A dor crônica é aquela que tem duração de mais de 3 meses, podendo ela mesma ser considerada uma enfermidade. Um exemplo é a dor neuropática, causada por lesão no tecido nervoso, como vemos em rupturas de raízes, medula, encéfalo e no diabetes, por exemplo.
3 – A dor pode ser física e ter componente emocional que a agrava. Exemplo: uma doença que dura por muito tempo poderá afetar o equilíbrio emocional de uma pessoa no longo prazo e desencadear ansiedade, irritabilidade e depressão.
4 – A dor é difícil de ser quantificada, mas é possível medir a sua intensidade por meio de alguns elementos simbólicos de escala, como faixas que sinalizam números de 0 a 10, cores que vão da mais clara para a mais escura, de rostos que vão da felicidade a grande tristeza, e assim por diante.
5 – O tratamento da dor é mais efetivo quando é multidisciplinar, ou seja, envolvendo profissionais de diversas especialidades, como médicos, fisioterapeutas e psicólogos, que integram diferentes terapias complementares para o melhor atendimento das necessidades do paciente.
6 – Existe uma doença chamada analgesia congênita em que a pessoa é incapaz de sentir dor. Embora possa parecer algo bom, não é, uma vez que não há o sinal de alerta sobre machucaduras importantes, bem como doenças agudas sinalizadas pelo alerta do sinal doloroso.
7 – A dor pode sofrer interferências de mudança de temperaturas, especialmente de climas quentes para muito frios. Crises também podem ser desencadeadas com traumas emocionais.
8 – A automedicação, além de mascarar e dificultar o diagnóstico de doenças, ainda pode gerar o efeito rebote da dor, em que a pessoa precisa de doses cada vez mais intensas para sair da crise.
9 – Atividades físicas bem orientadas e a manutenção das atividades intelectuais ajudam o indivíduo a enfrentar melhor os quadros dolorosos e manter uma vida com mais qualidade.
10 – O tratamento da dor inerente a qualquer doença é um direito do paciente. Se informe e busque ajuda. Sentir dor pode ser comum, mas não é normal.
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